A mecânica quântica é a teoria
física que obtém sucesso no estudo dos sistemas físicos cujas dimensões são
próximas ou abaixo da escala atômica, tais como moléculas, átomos, elétrons,
prótons e de outras partículas subatômicas, muito embora também possa descrever
fenômenos macroscópicos em diversos casos.
A Mecânica Quântica é um ramo
fundamental da física com vasta aplicação. A teoria quântica fornece descrições
precisas para muitos fenômenos previamente inexplicados tais como a radiação de
corpo negro e as órbitas estáveis do elétron. Apesar de na maioria dos casos a
Mecânica Quântica ser relevante para descrever sistemas microscópicos, os seus
efeitos específicos não são somente perceptíveis em tal escala.
Por exemplo, a explicação de
fenômenos macroscópicos como a super fluidez e a supercondutividade só é
possível se considerarmos que o comportamento microscópico da matéria é
quântico. A quantidade característica da teoria, que determina quando ela é
necessária para a descrição de um fenômeno, é a chamada constante de Planck,
que tem dimensão de momento angular ou, equivalentemente, de ação.
A mecânica quântica recebe esse nome
por prever um fenômeno bastante conhecido dos físicos: a quantização. No caso
dos estados ligados (por exemplo, um elétron orbitando em torno de um núcleo
positivo) a Mecânica Quântica prevê que a energia (do elétron) deve ser
quantizada. Este fenômeno é completamente alheio ao que prevê a teoria clássica.
Em estados ligados, como o elétron
girando ao redor do núcleo de um átomo, a energia não se troca de modo
contínuo, mas sim de modo discreto (descontínuo), em transições cujas energias
podem ou não ser iguais umas às outras. A ideia de que estados ligados têm
níveis de energias discretas é devida a Max Planck.
O fato de ser impossível atribuir ao
mesmo tempo uma posição e um momento exatas a uma partícula, renunciando-se
assim ao conceito de trajetória, vital em Mecânica Clássica. Em vez de
trajetória, o movimento de partículas em Mecânica Quântica é descrito por meio
de uma função de onda, que é uma função da posição da partícula e do tempo. A
função de onda é interpretada por Max Born como uma medida da probabilidade de
se encontrar a partícula em determinada posição e em determinado tempo. Esta
interpretação é a mais aceita pelos físicos hoje, no conjunto de atribuições da
Mecânica Quântica regulamentados pela Escola de Copenhagen. Para descrever a
dinâmica de um sistema quântico deve-se, portanto, achar sua função de onda, e
para este efeito usam-se as equações de movimento, propostas por Werner
Heisenberg e Erwin Schrödinger independentemente.
Apesar de ter sua estrutura formal
basicamente pronta desde a década de 1930, a interpretação da Mecânica Quântica
foi objeto de estudos por várias décadas. O principal é o problema da medição
em Mecânica Quântica e sua relação com a não-localidade e causalidade. Já em
1935, Einstein, Podolski e Rosen publicaram seu Gedankenexperiment, mostrando
uma aparente contradição entre localidade e o processo de Medida em Mecânica
Quântica. Nos anos 60 J. S. Bell publicou uma série de relações que seriam
respeitadas caso a localidade — ou pelo menos como a entendemos classicamente —
ainda persistisse em sistemas quânticos. Tais condições são chamadas
desigualdades de Bell e foram testadas experimentalmente por Alain Aspect, P.
Grangier, Jean Dalibard em favor da Mecânica Quântica. Como seria de se
esperar, tal interpretação ainda causa desconforto entre vários físicos, mas a
grande parte da comunidade aceita que estados correlacionados podem violar
causalidade desta forma.
Tal revisão radical do nosso
conceito de realidade foi fundamentada em explicações teóricas brilhantes para
resultados experimentais que não podiam ser descritos pela teoria clássica, e
que incluem:
Espectro de Radiação
do Corpo negro, resolvido por Max Planck com a proposição da quantização da
energia.
Explicação do
experimento da dupla fenda, no qual eléctrons produzem um padrão de
interferência condizente com o comportamento ondular.
Explicação por
Albert Einstein do efeito fotoelétrico descoberto por Heinrich Hertz, onde
propõe que a luz também se propaga em quanta , os chamados fótons.
O Efeito Compton, no
qual se propõe que os fótons podem se comportar como partículas, quando sua
energia for grande o bastante.
A questão do calor
específico de sólidos sob baixas temperaturas, cuja discrepância foi explicada
pelas teorias de Einstein e de Debye, baseadas na equipartição de energia
segundo a interpretação quantizada de Planck.
A absorção
ressonante e discreta de energia por gases, provada no experimento de
Franck-Hertz quando submetidos a certos valores de diferença de potencial
elétrico.
A explicação da
estabilidade atômica e da natureza discreta das raias espectrais, graças ao
modelo do átomo de Bohr, que postulava a quantização dos níveis de energia do
átomo.
O desenvolvimento
formal da teoria foi obra de esforços conjuntos de muitos físicos e matemáticos
da época como Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg, Einstein, P.A.M. Dirac,
Niels Bohr e John von Neumann, entre outros.
Greiner, Walter; Müller, Berndt (1994),
Quantum Mechanics Symmetries, Second Edition, cap. 2,, Springer-Verlag, p. 52,
ISBN 3-540-58080-8
Ir para cima ↑ T.S.
Kuhn, Black-body theory and the quantum discontinuity 1894-1912, Clarendon
Press, Oxford, 1978.
Ir para cima ↑ A.
Einstein, Über einen die Erzeugung und Verwandlung des Lichtes betreffenden
heuristischen Gesichtspunkt (Um ponto de vista heurístico a respeito da
produção e transformação da luz), Annalen der Physik 17 (1905) 132-148
(reimpresso em The collected papers of Albert Einstein, John Stachel, editor,
Princeton University Press, 1989, Vol. 2, pp. 149-166, em alemão; ver também
Einstein's early work on the quantum hypothesis, ibid. pp. 134-148).
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